quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Empatia e Medicina


Empatia é:

 Capacidade de compreender o sentimento ou reação da outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias.
Lus.: Capacidade de se identificar com outra pessoa; faculdade de compreender emocionalmente outra pessoa.
De em+phatos(Gr)+ia(estado de alma)

Em Marketing: Para compreender melhor o cliente e saber os seus desejos, é necessário ter empatia

Veja melhor aqui.
Retirado do google.

Bom, uma das melhores coisas da minha profissão é poder acompanhar, de perto,  realidades tão distintas. Por mais que um médico viva no seu consultório chiquérrimo particular, ele já passou por um hospital do SUS, seja na faculdade, na residência ou num mestrado. Ele teve a oportunidade de conhecer , a fundo, a população, e claro, o sistema de saúde do nosso país.

O que eu quero dizer é que se não fosse a medicina, eu que venho de uma família classe média- alta ( isso ainda existe?), sempre estudei em colégios particulares, fiz faculdade particular, não teria a oportunidade de entrar em um mundo tão distante.
Digo isso com uma pontada de vergonha, até alheia, pelos que não tem esta experiência, e por mim mesma também.
Porque você que vê  só em revistas a realidade da saúde e da educação no país, definitivamente não tem a mesma impressão que eu.
E,  como talvez, se não fosse minha profissão eu também não tivesse este contato, estamos todos no mesmo barco.

Este não é um post político, longe disso.
É um post sobre sentimentos, empatia, acolhimento e aprendizado.
Sim, porque eu aprendi muito nestes dez anos de formada ( nao calculem minha idade, ou calculem, mas lembrem entrei na faculdade com 17).
Hoje eu sei falar de saúde, em todas as linguagens.
Hoje eu agradeço bem mais as facilidades que tive e tenho na vida.
Ao mesmo tempo que sei que tudo é muito imprevisível. Pode mudar a todo instante. Portanto a regra é aproveitar o presente.
Sei que, de fato, com saúde eu tenho tudo. Pro resto é só correr atrás. É tão mais fácil.
Que eu tenho que ser dona do dinheiro, e não ele meu dono.
Que dinheiro não traz felicidade, e nem sei mais se acho que manda buscar, apesar de saber que facilita muito.
Que a minha profissão, apesar de nada mais ser que um trabalho que eu ofereço,  para entre outras coisas pagar as minhas contas, eu não posso perder a sensibilidade jamais.
E que o melhor médico não é o  " the best " tecnicamente, é aquele que consegue fazer todo seu serviço e manter a empatia com cada cliente, para comprendê-lo melhor e saber de seus desejos. Já disse isso acima como dica de marketing, agora digo como fundamental no exercício da medicina.


 Só desejo que eu tenha cada vez mais e mais empatia. Que eu consiga enxergar MESMO cada paciente.
Que eu consiga protegê-las e tratá-las bem. No meu possivel.
E que meu possivel seja bem grande, aumente muito.... Tem muito o que aumentar ainda.
Que eu sempre ache que posso fazer a diferença, e consiga transmitir isto para cada residente que cruzar meu caminho.

Amém.


Este post foi feito porque eu teimo em me incomodar com tantos direitos que são dados apenas as mulheres com maior poder econômico no nosso país. A começar pelo direito de escolha...

Até quando a gente vai fingir que não vê?



3 comentários:

  1. Ah Lorena, que coincicência. Antes de voltar para cá conversei com a minha irmã e ela disse algo que não sai da minha cabeça: "trabalhe mais a empatia com as pessoas" foi o que ela disse. Eu também tinha esquecido esta palavra em algum lugar e o stress do dia a dia muitas vezes me impedia de tratar bem as pessoas. Sabe aquela coisa de já se zangar antes mesmo de saber o que se passa?? Pois é...
    Quanto a conhecer a realidade, sim, acho que nossa profissão felizmente nos dá esta oportunidade, coisa que muito economista e advogado só vai imaginar porque leu numa revista ou no jornal. A gente sabe já atendeu gente que não teinha dinheiro para comprar comida, e sentiu vergonha por prescrever um remédio que jamais seria comprado. É triste, mas nos faz ter uma noção de gratidão muito maior!!

    Finalmente mas não menos importante... Também tenho 10 anos de formada!!! Nada de fazer contas... Beijos

    ResponderExcluir
  2. Lorena, gosto muito das suas reflexões sobre a profissão. Mais uma vez, seu pensamento encontra eco aqui.

    Sobre os abismos sociais com que nos deparamos - e dos quais somos parte - por coincidência hoje mesmo eu li uma entrevista muito interessante, de alguém que enxerga tudo do lado de fora e, por este motivo, tem uma visão mais ampla e clara. O texto é longo, mas preste atenção especialmente na parte em que ele fala do coquetel em São Paulo:

    http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1011999-no-brasil-alain-de-botton-critica-elite-caos-de-sp-e-desigualdade.shtml

    Vale pensar sobre isso.

    Como já te disse, em relação a escolhas, eu acho que o correto é ampliá-las a todas, e não restringir o direito das que as têm. Mas o assunto é longo, e a solução parece distante (não para o Alain de Botton).

    Por fim, sou colega de turma da Fernanda aqui em cima e, definitivamente, sou contra esse negócio de continhas!

    Beijão

    ResponderExcluir
  3. Vamos para de fazer conta mesmo, ne meninas?
    E Dani, adoro suas reflexoes. E , sim , acho que voce ta certa...temos que ampliar o poder de escolha.
    Até por que quando a gente nao vai de encontro a paciente, tudo fica mais dificil...Ando ate revendo meus conceitos em cesarea a pedido...
    bjo

    ResponderExcluir

Pode comentar!!!Venha prá berlinda também!



Pode demorar um pouco para seu comentário aparecer, pois ativei a moderação! Mas saiba que sua presença é muito importante por aqui.Beijos