sexta-feira, 18 de maio de 2012

Sobre Saudade

Eu não sinto muita saudade.
Nem da família que mora longe.
Talvez, porque pra mim , saudade seja algo que eu sinta por coisas ou sensações que considero perdidas.
Que eu não tenha mais como recuperar.
Minha família e meus melhores amigos eu ainda tenho comigo, apesar de não vê-los do jeito que gostaria. Apesar da nossa convivência ser hoje de um jeito diferente do convencional.

Deu pra entender?
Destas coisas eu sinto falta. Um vaziozinho....Por exemplo hoje é aniversário do meu afilhado e amanha da minha irmã, eu sinto muito por não estar lá.
Semana passada  meus irmãos mandaram uma foto deles, indo de boteco em boteco provar todos os pratos da casa da promoção...
Ah dá uma vontade de aparecer, dar uma passadinha ! De pegar o avião , aparecer rapidinho e voltar a noite.
Mas, não é sofrido. É um sentimento gostoso.

Família eu tenho. E sei que terei para sempre. Não os vejo como antes, mas até me sinto mais próxima deles, em alguns momentos.
A mesma coisa serve para maioria das minhas amigas.
Nos vemos menos, mas estamos juntas, de algum modo. Não nos tornamos estranhas umas as outras, com o passar do tempo. Acompanhamos e participamos das conquistas umas das outras.

Aí você me pergunta; Afinal, do que você tem saudade?

Ah são tantas coisas.
  • Tenho saudade de comer TUDO e não engordar.
  • De andar de bicicleta em Valença.
  • De pegar jacaré, sem me preocupar com o biquini.
  • De comer acarajé todo dia,  ou leite moça com nescau, sem me preocupar com peso ou colesterol.
  • De cochilo após almoço.
  • Do mungunza da minha avó. Entendam a gravidade da situação, nem de mungunzá eu gosto!
  • Do quintal da minha avó, que pra mim era do tamanho do mundo. E uma ida ao galinheiro era a maior de todas as aventuras.
  • De pegar o leiteira que tio Colo trazia toda noite , e eu odiava, diga-se de passagem, e colocar pra ferver antes de por na geladeira.
  • Do meu avô sentado na cadeirinha do papai em sua casa, tomando café na caneca que eu trouxe da Disney pra ele.
  • De um tempo em que bastava passear de carro para eu dormir. Hoje em dia, o sono as vezes me escapa.
  • Do meu cachorro sem problema de pele.
  • Dos meus sobrinhos pequenos.
  • De duas amigas que de algum jeito, por algum motivo e fora do meu controle, a amizade se transformou e ficou diferente. Nem melhor, nem pior só diferente. Ana Maria e Themis.
  • De não ter fios brancos.
  • De usar óculos de grau para fazer um charme, e não por necessidade.
  • De não me preocupar com contas a pagar. De estudar ser a minha única obrigação.
  • Dos natais na minha infância. Família inteira junto, do amigo-secreto, de acreditar em Papai Noel.
  • De ter a capacidade de transportar para o meu quarto todo e qualquer cenário que minha fantasia de criança criasse.
  • Do quintal e da varanda da primeira casa da minha família. Era bem pequena. Meu quarto era verde - amarelo. Eu dividia com minha irmã. Quando ia dormir uma amiga ( dela geralmente), bastava juntar as  duas camas. Tudo meu cabia em duas gavetas e numa porta de guarda-roupa.
  • Do quarto de meu irmão cheio de poster de Gal Costa.
  • De minha mãe e meu pai mandando eu desligar o ar-condicionado durante o dia. Hoje, quem manda isso aqui em casa, sou eu.
  • De dividir apartamento com Jamine e Jaíne, ou de morar sozinha. Duas fases importantes para meu crescimento, apesar de não desejar que durassem até hoje, tenho saudades.
  • De morar só eu e meus irmãos em Salvador. Meus pais moravam e ainda moram em Valença, a gente ficava em Salvador para estudar.
  • Da limonada que minha mãe  fazia e levava para as crianças na praia no meio da manhã.
  • Do Morro de Sao Paulo de trinta anos atrás : do pão quentinho ( tinha um padeiro famoso, esqueci o nome que amassava os pães com o pé e ficava delicioso. Juro! ) de manhã cedo, da falta de energia elétrica, de pular da ponte, de esperar meu pai e tio Luis chegarem com as compras da semana, do Careta.
  • Do carro de meu pai cheirando a fazenda. E sujo, muito sujo!
  • De chupar laranja com minha mãe depois do almoço, todo dia.
  • Etc....
É, pelo jeito, sinto saudade de muitas coisas.
Na verdade, tudo isso, também é um sentimento bom.
Gostoso de sentir.
Não é sofrido de jeito nenhum.
Até acho que  me alimenta um pouco a cada dia.
Pelo menos fez eu sorrir enquanto escrevia.
Mostra que a vida está sempre em movimento.
E isso é muito bom!

Em tempo: Depois de reler o texto eu concluí que todo este meu conceito de saudade, nada mais é que um ótimo mecanismo de defesa pra realidade da vida.


Será???

Em tempo 2 , minha irmã lembrou o nome do padeiro: Ze Pretinho.

4 comentários:

  1. È sim. A gente se protege, faz o jogo do contente...
    Eu sinto saudades de quase tudo que vc escreveu. E sinto mais saudades ainda de vc. Ia ser tão bom te-la aqui...
    Ah... Zé Pretinho era o nome do padeiro. E que pão gostoso...mas só servia quantão com manteiga derretendo.
    Lágrimas. Sorrisos. Saudades. Emoção.
    Te amo. Te amo. Te amo.

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  2. Saudades. te amo também. beijo e feliz aniver duplo!

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  3. Lorena, etendo perfeitamente, minha família e amigos de infância tbm estão a quilometros de distância e o que sinto as vezes é falta e não saudade. Saudade eu tenho dos meus avós, tenho do meus dois cães mais queridos, até mesmo do carro velho que deu PT depois de uma batida num dia de chuva... Ah e como não dizer do Mingau de farinha lactea que só minha avó sabia fazer...

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  4. Ai ai Rob. Sao tantas coisas ne?
    Uma pausa pro suspiro....

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