sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Esclarecimento sobre Óbito Fetal

Mais uma vez, minha pauta se baseará em Boechat, pessoa que eu A-M-O.
Tanto amo, que ouço todo dia.

Bom,  a questão é que hoje pela manhã me deparei com um pai ansioso, frustrado, decepcionado e muito triste.
Com toda razão. Não teria como ser diferente.  Ele viveu uma experiência péssima, que tentarei relatar a seguir.
Este pai perdeu seu bebê, o primeiro filho, ainda na barriga da mãe.
Segundo ele relatou, foi  a um hospital público em São Paulo ( isto acontece tambem em serviços particulares),  com a mulher gestante de nove meses e uma semana ( fiquei na dúvida, se ele falava de 41 ou 38 semanas) com queixa de dor, há dois dias. Esta foi examinada, e liberada, o que poderia acontecer em qualquer uma destas idades gestacionais.
Retornou ontem, e foi diagnosticado por outro médico, obito fetal. Ela foi internada, e estava sendo submetida à indução para parto normal.

Tentarei entrar em alguns pontos. Boechat, por exemplo, questionou como uma gestante com dor poderia ser liberada. Sim, muitas vezes, não só pode como deve, pois é um alarme falso, ela não entrou em trabalho de parto, nem tem nenhum sinal evidente de alteração da vitalidade fetal, sendo assim, não há necessidade de internação.


Interrogações que ficaram no ar :

Sim, infelizmente bebe MORRE na barriga.  E é de um dia pra outro. É raro, mas acontece. E todo mundo sofre.

Acontecendo isto, pode até se esperar por trabalho de parto espontâneo, mas a maioria dos hospitais, opta pela indução. Mesmo sendo angustiante pra mãe e para a família, o parto normal é a melhor opção. Não se justifica a cesárea.

Gestante com dor, se a movimentação fetal estiver presente, ela não tiver nenhum fator de risco, não estiver em trabalho de parto ( contrações rítmicas e coordenadas, ou bolsa rota), e não estiver com 42 semanas, pode ser liberada, e orientada a retornar caso qualquer uma das alteraçoes acima ocorra.
Às vezes, é feito cardiotocografia ( geralmente com mais de 40 semanas, ou se ela tiver queixa de movimentação fetal diminuída, ou algum fator de risco na gravidez) ( é um exame que fica uns 20 minutos com duas fitas na barriga medindo frequencia cardiaca do bebe e contraçoes da mãe).

Por isso que os sinais de alerta,ou seja quando se deve ir a um PS de obstetrícia : perda de líquido ou sangue em grande quantidade, bebe sem mexer mais de seis horas, ou dor forte que não melhore com medicação. Isto a qualquer hora do dia ou da noite.

Assunto chato, para um blog tão alegre, mas achei importante  esclarecer.

E, como obstetra, posso falar, o efeito é devastador para todos os envolvidos. E claro, principalmente para a família. Não consigo imaginar a dor deste casal.

Minha solidariedade a eles. E minhas orações para que consigam se recuperar e tentar outra gestação, o mais rápido possível.

Repito que muitas informações deste caso estão obscuras, fiz este post baseado no que ouvi na BAND FM hoje.

Ah, não trabalho, nunca trabalhei no hospital em questão, que por motivos óbvios, não citei aqui.
E não tenho nenhum tipo de relação com nenhum dos envolvidos.

5 comentários:

  1. Lorena,
    Com 30 e muitas semanas de gravidez notei diminuição nos movimentos fetais. Fui ao hospital e fiz o exame que verifica os batimentos cardíacos do bebe, esse da fita na barriga. Os batimentos estavam normais, mas fizeram com que eu permanecesse no hospital e me alimentasse e voltasse para verficar novamente. Depois de outro exame, me encaminharam para uma ultrassonografia. Tudo estava bem, mas só por precaução solicitaram que eu passasse a noite internada. De uma em uma hora uma enfermeira vinha verificar os batimentos do bebê, e minha pressão. Só me liberaram no dia seguinte, após uma segunda ultra. Tudo isso num hospital público e sem que eu tivesse nenhum histórico de complicaçoes.
    Por essa razão sou voz destoante quanto ao sistema pú blico de saúde irlandês, tenho duas amigas próximas que tiveram problemas (uma sofreu um aborto, e outra por pouco não perde o bebê também, nascido numa cesárea de emergência). Eu, no entanto me senti bem cuidada durante as 39 semanas que minha gravidez durou.
    Minhas orações tb para essa família numa hora tão triste.
    Um beijo pra vc

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  2. Querida Lorena, também fico um pouco irritada com a maneira com que a imprensa e a população lidam com eventos adversos na Medicina. Grnde parte deles são evitáveis mas há sempre aqueles que não são, e pode ter sido este o caso, difícil falar sem saber a fundo como você mesma disse. também tenho notado uma necessidade de expor o lado médico da coisa e escrevi um post hoje sobre VBAC e seus perigos, veja lá o que acha ..
    Beijos
    http://fernannda-paravoceantonio.blogspot.com/2011/12/perigos-na-blogosfera-parto-normal-x.html

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  3. Nivea, feliz por voce!
    Fernanda, já vou lá agora.
    beijos meninas

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  4. é bom ler essas explicaçoes... nao sabia que o cardiotoco era TAO importante, claro q sabia q era importante, mas nao tinha noçao do quanto, reclamei tanto de fazer... porque é meio chatinho, aperta a barriga e tal, é desconfortavel, mas nunca, nunquinha mais vou reclamar de ter feito, ou de precisar fazer.

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  5. Tchella, em trabalho de parto de baixo risco, por exemplo, sem nenhuma intervençao ( ocitocina..) pode fazer ausculta intermitente.
    Num pre natal tranquilo, com bebe mexendo bem, só precisa depois de trinta semanas.
    Agora, interviu, ou Mov Fetal diminuiu, ou algum problema no pre natal, é importante fazer sim.

    Hoje, nos plantoes, eu até acho que a gente faz cardiotoco demais... mas, é uma medicina defensiva...Outra conversa para depois.
    Resumindo, BEM indicada, é muito importante. Uma arma valiosíssima!!!
    Beijos

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