sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Em 10 Anos

Inspirada pela revista TPM deste mês, que faz dez anos de existência e,  por alguns colunistas que refletiram sobre este tempo em suas vidas, resolvi escrever este post.


Há dez anos, eu chegava em São Paulo para iniciar a residência médica.
Foi forte e irresistível em mim o desejo de morar fora de casa, longe da família , da minha cidade e da minha história.
Sim, porque quando nos mudamos, uma parte de nós mesmos, é deixada para trás. É a  grande chance de mudarmos tudo que nos incomoda.
 Eu, praticamente mudei de personalidade : deixei lá uma garota insegura, que precisava de opinião e aprovação para tudo. Fiquei mais independente, mais decidida. Me conheci mais e melhor. Amadureci muito.
Eu não faria tudo que fiz se permanecesse na minha zona de conforto, sob as asas da família e dos meus amigos.

Vim para dividir apartamento com duas amigas. Vivemos um ano maravilhoso, cheio de experiências enriquecedoras. Criamos laços tão fortes, que sei que sempre estaremos juntas, mesmo com a distância geográfica ( Beijos Jaíne e Jamine).
Mas, depois de um tempo chegou a necessidade de morar sozinha. De encarar este desafio.
Organizei minha mudança, aluguei um apartamento e fui, com a cara e a coragem.
 Assim fiquei até 2010, quando  saí para morar com marido.
Se conselho fosse bom, e alguém ouvisse, eu diria que morar sozinha é essencial, indispensável. É quase um ritual de passagem. É uma ótima transição para a vida adulta. Eu recomendo muito.

Há dez anos eu não tinha a independência financeira que tenho hoje.
Tinha 24 anos e achava que o certo era concordar a maioria. Foi preciso fazer 30, hoje tenho 34, para descobrir que eu tenho que andar no meu ritmo, e com minhas próprias pernas.
Foi preciso tempo e paciência para eu saber do que eu realmente gosto e o que quero, de fato, para mim.
Foi preciso coragem para assumir com o que quero trabalhar, qual meu estilo e o que me faz feliz.
Tive que ter peito pra fazer minhas escolhas, e seguir com elas.

Há dez anos, eu nem sabia qual roupa me caía bem, eu usava o que estava na moda. Agora eu sei o que me favorece, e uso e abuso disso, em todos os sentidos.

Não convivia tanto com crianças, tinha só uma sobrinha.
Agora tenho cinco sobrinhos e dois enteados. Vivo com eles ao meu redor.

Antes eu era só filha- irmã- cunhada. Agora, sou também tia, dinda, nora ,esposa e madrasta.

 Neste período, eu ainda não tinha feito a minha cirurgia ortognática, e quase não sorria nas fotos. Agora sorrio nas fotos e, bem mais na vida. Sem dúvida, foi tão pouco , e significou tanto.

 Apareceram os primeiros fios brancos e fiquei mais míope.
Descobri também as tinturas, as idas ao salão a cada 30 dias pra retocar a raíz e as lentes de contato. Concluí com isso, que com saúde todo o resto se ajeita.
Entendi que o metabolismo muda e sábio é quem aprende a controlar a gula, e que a solução é comer sempre menos. Assumi o corretivo, a academia e o protetor solar como meus melhores amigos.

Precisei fazer análise, o que me salvou numa época, e teve grande espaço na minha vida por 8 anos. Agora, resolvi dar um tempo. Quero pensar mais com os meus botões. Estou pronta.
Neste momento, já sei como funciono e já consigo me entender e me aceitar mais.

 Há dez trabalhava demais, e aceitava qualquer coisa que me oferecessem.  Corria tanto que não tinha paciência pro ócio, nem tempo pra ver a vida ao meu redor. Agora estou super seletiva e valorizo muito mais meus momentos em família e entre amigos.

Eu não sabia se queria filhos, até achava que não.
Agora, eu sei que quero.
Eu tinha dúvidas quanto a morar em São Paulo, hoje, tenho certeza que aqui é o meu lugar.

 Algumas características não mudaram, continuo tendo medo de perder os meus. Ainda sou tão filha, que não imagino um mundo sem eles.
 Mas, em compensação, perdi o medo de fracassar. Descobri que só vence quem arrisca e só ganha quem não tem medo de perder. E que, como disse Steve Jobs, já estamos nus, e nada justifica não seguir o coração. Isso vale para os assuntos amorosos, como de trabalho.


Mudei, melhorei, me conheci, amadureci,  mas a minha essência continua a mesma.
E quero que permaneça assim por muito tempo.
Que eu sempre me permita viver tudo  intensamente. Que  eu conserve este meu gosto por mudanças,  sejam elas de planos , idéias, direções ou hábitos .
Que eu nunca perca a coragem e  a vontade necessária para a busca de novos recomeços sempre. Porque  a vida nada mais é, que uma sequencia de novos começos a cada momento. Sempre que um ciclo acaba, outro começa.

Que venham outros 10.
 Porque eu estou pronta pro que der e vier.
 

9 comentários:

  1. Adorei o post Lo! Fiquei com vontade de fazer também esse balanço da minha vida nos últimos 10 anos :)
    Beijos

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  2. Apesar dos fios brancos e da miopia (oi!?!?!?rs), essa é a prova de que os anos só fazem bem e trazem o bem. A certeza das coisas, é um bem maior!

    Bjos Lo! =)

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  3. Faço minhas suas palavras, Ló!...
    De vez em quando me pego pensando no tempo que a gente morou em SP. Momentos ótimos, outros nem tanto... Mas todos lembrados com saudades e carinho. Que venham os próximos 10 !!
    Um bj!

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  4. Muito lindo Lorena
    10 anos na vida de uma pessoa podem significar muito. Que os próximos 10 te tragam ainda mais serenidade e quem sabe um filhotinho para te chamar de mamae.
    bjs

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  5. Ló, adorei seu depoimento! Lindo seu processo de amadurecimento. É uma delicia conviver com vc e perceber todas estas mudanças.
    Bjs
    A propósito, achei uma desiner de blog, se te interessar.

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  6. Mari, ë isso mesmo, apesar dos cabelos brancos e da miopia, me conhecer a ponto de ter certezas, é um grande presente.
    Mine, vivemos tanto em um ano!
    Carol quero sim a designer.
    Lu, vamos torcer,ne?
    Beijos

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  7. Sem palavras é isso ai,lllllinda postagem.BEIJINHOS

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  8. Lorena,
    Sou fã dos seus textos,este em especial por dizer muito de mim e, imagine...com quase o dobro da sua idade.Enfim ,todas somos, mulheres da vida como diz a cantora Simone.Parabéns e obrigada por ter nos oportunizado esse balanço.

    Maria Helena Queiróz Cabral
    Valença-Bahia

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